A era “Lady Leste” ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (15). Depois de uma divulgação intensa, que simulou o “cancelamento” de Gloria Groove, a artista compartilhou single e clipe de “A Queda” com o público.

A ação teatral proporcionou o início de um debate sobre a cultura do cancelamento, o ódio na sociedade do espetáculo e o sadismo das redes sociais. No registro audiovisual, a cantora dá vida a diferentes personas que representam um tipo de conflito ao ódio: provocação, exposição, perseguição e linchamento. Em um show dos horrores orquestrado de forma encantadora, Gloria utiliza o terror como alegoria.

Toda a estética e sonoridade do trabalho, sobretudo do videoclipe, trazem essa aura sombria. Assim como Jordan Peele, em “Corra” ou “Nós”, e Ari Aster, nos provocantes “Hereditário” e “Midsomar”, a Lady Leste também utiliza o gênero como artifício de reflexão, um meio de tocar temas sociais. Questionada pelo Papelpop sobre a relação com os cineastas no uso do terror, durante a coletiva de imprensa da canção, a artista abordou o assunto.

“Como está na questão, o terror nem sempre é usado para causar medo ou arrepios. Às vezes, o subtexto é muito mais profundo do que parece. É exatamente o caso de ‘A Queda’! Aqui, a mensagem vem primeiro. O que estou tentando comunicar como pessoa vem primeiro, e o terror vem pra ilustrar isso”, relata. “Não obstante a isso, a mensagem que é a raiz do trabalho. Então, nesse caso, o terror entra como ferramenta para ilustrar essa situação de horror, que é essa sensação que se sente de sufocamento, de morte, de esgoto, de fundo do poço. O que se sente nesse tipo de situação do público. ‘A Queda’ também é o exemplo prefeito de como isso se dá. Realmente a mensagem nasceu antes mesmo da ferramenta do terror, e o terror do videoclipe vem para ilustrar isso.”

De acordo com a cantora, o ritmo de construção do clipe foi fluido e emocionante. Fruto de uma necessidade em inovar, o trabalho 360º foi conduzido para “causar um despertar”. Assista:

Para a música, além de Lady Gaga, houve inspiração em “I Write Sins, Not Tragedies”, de Panic! At The Disco; “No Place Like Home”, de Todrick Hall; e “Believer”, de Imagine Dragons. Para o clipe, que tem direção de Felipe Sassi, a cantora revela inspiração em Marilyn Manson, “American Horror Story”, filmes de Zé do Caixão e até na novela “O Beijo do Vampiro”.

“As diversas personas que encarno no vídeo também desempenham um papel importante, principalmente o nosso ‘mestre de cerimônias’ ou picadeiro, que representa no vídeo o próprio sadismo da fama. Foi icônico para mim gravar o meu primeiro clipe pop ‘de terror’. Fiquei feliz demais de sentir que estava gravando o meu Thriller ou o meu Disturbia”, disse a drag queen no anúncio do clipe ao citar o clássico de Michael Jackson e o hit de Rihanna.

Sobre a inspiração da letra, Gloria afirma que não se trata, necessariamente, de uma vivência. No caso, trata-se de uma observação, de um estudo social. “A letra de ‘A Queda’ retrata um pouco do que eu já vivi como indivíduo, como artista, mas ela retrata muito mais o que eu já vi outras pessoas passarem. Muito mesmo!”, explicou durante a coletiva.

Ela acrescenta: “A música é o resultado da minha visão como público, sabe? Acho que é por isso que na hora de cantar a música, eu me coloco do outro lado e falo ‘respeitável público’, porque eu acho que já vi esse circo antes, já vi esse show de horrores. Eu sei como é viver um pouquinho dele. Então é uma soma de tudo, claro, mas muito da minha impressão como público, de como eu analiso. Quando a gente está vendo essa situação, você não está vendo só a reação de quem está sendo avacalhado, você está vendo muito da situação de quem está atacando, como, quais ferramentas e o quão ardilosas as pessoas podem ser. Quanto elas podem fazer pra te prejudicar. Vem muito da minha visão enquanto público, é um estudo.”

 

O single sucede “BONEKINHA”, primeira música do álbum “Lady Leste”. Ao longo dos últimos meses, Gloria também teve parcerias com LudmillaThiaguinhoBivolt e Mateus Carrilho. Atualmente, ela participa do “Show dos Famosos”, quadro do “Domingão com Huck”.

Ainda sem previsão de estreia, o novo disco será o mais pop da carreira, mas também terá uma veia forte do rock em termos de atitude e nas pinceladas de guitarra em certas canções. Para o caldeirão de ritmos, ela disse que, assim como na moda, ela adora brincar com texturas. O que propõe no projeto é fazer experimentações musicais e inovar.

Já está confirmado que o álbum terá gêneros como o funk, o trap, o hip hop, o EDM [electronic dance music], o reggaeton e a rasteirinha. A escolha vem também de um saudosismo, já que foram ritmos que consumia na adolescência.

Enquanto divulga seus novos trabalhos, a dona do EP “ALEGORIA” está preparando sua participação no Rock in Rio 2022, agora em espetáculo solo. “Não sou só eu que fico imaginando como vai ser ‘BONEKINHA’ naquele palco. Imagina quando começar aquela guitarra”, brinca. Ela garante, inclusive, que até lá o disco já estará a pleno vapor no streaming, já que fará parte do repertório da performance. Até o final de 2021, “Lady Leste” ainda dará alguns sinais, provoca Gloria Groove.

Vale lembrar que a faixa é, novamente, uma parceria com os produtores e compositores Ruxell e Pablo Bispo. Ouça “A Queda” nas plataformas digitais:

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