Bruno Capinan retornou com seu novo álbum, “Tara Rara”, no último dia 13 de maio. Lançado no dia da Abolição da Escravatura, o baiano radicado em Toronto, no Canadá, canta sobre as lutas do povo negro e a força gay desde a época dos seus antepassados até a contemporaneidade. 

O cantor e compositor apresenta 11 faixas autorais, com a colaboração de Luisão Pereira em “Mafuá”. O projeto conta ainda com o ritimista Marcelo Costa, Bem Gil no violão, uma orquestra de músicos LGBTQIA+, o australiano Adrian Astro Perger e Vivian Kuczynski na produção. 

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“Fui da dor ao prazer. Do breu à luminosidade. Dos gritos dos porões dos navios negreiros ao Brasil atual, o do navio negreiro moderno”, disse Bruno sobre o “Tara Rara”. “Quis cantar sobre o desejo, a carne de carnaval, a saudade da Bahia, os pés negros na areia do mar, os pés do colonizador, os ‘deuses deusas’ que habitam as profundezas do mar. A possibilidade de um amor no breu. Cantar ainda é o que nos resta.”

Ele contou que só entendeu o que era o racismo quando se mudou para o Canadá em 2002, quando se via sendo seguido por viaturas da polícia. Também quando era rejeitado por “gays brancas que já em 2002 expressavam sua preferência pelo padrão branco heteronormativo”. Foi pensando nisso que ele escolheu as parcerias do disco, onde juntou três gerações para assegurar a sonoridade do projeto. “Somente uma adolescente gay de 17 anos poderia redirecionar minhas ideias para um lugar menos óbvio”, avalia o artista. 

“Talvez ‘Tara Rara’ seja o meu álbum mais solar e talvez o mais otimista de todos. No budismo, Tara é uma divindade salvadora que liberta as almas do sofrimento. Ela é reconhecida como um bodhisattva (‘essência da iluminação’) a mãe dos budas no budismo esotérico. Curiosamente meu apelido quando criança era buda. Disse para Vivian que ‘Tara Rara’ tinha que ser um disco Bahia mística de uma gay nostálgica. A gente sai da Bahia, mas a Bahia não sai da gente”, explicou.